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IGREJA E INTERNET

Mais que “usar” a internet, precisamos estar “na” internet.



Nesta semana acontece no Rio de Janeiro o Mutirão Nacional da Comunicação. Já na semana passada, de 12 a 16, mais de 70 bispos de várias dioceses do Brasil também participaram de um seminário sobre a comunicação no Rio de Janeiro, promovido pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, a CNBB e a Arquidiocese do Rio de Janeiro. O encontro teve como tema: “Comunicação e evangelização no contexto das transformações culturais provocadas pelas novas tecnologias”.
Foi um fato inédito; até agora, não se tinha notícia de um encontro tão numeroso de bispos da nossa Igreja, destinado especificamente a essa temática. Evidentemente, não se tratou de formação técnica sobre as novas modalidades de comunicação, mas de uma ocasião para confrontar a missão dos pastores da Igreja com esse novo e maravilhoso universo, suas imensas possibilidades, mas também seus desafios, problemas e riscos.
Antes de tudo, existe o fato inquestionável da multiplicidade enorme de novos meios e possibilidades de comunicação, suscitados, sobretudo, pelo avanço da informática e das novas tecnologias da informação. Isso também coloca à disposição da missão da Igreja um precioso instrumental; seria grave não fazer bom uso de tantas possibilidades para a promoção da vida e da missão da Igreja.
Mas não podemos ter uma visão ingênua do mundo da comunicação: nesse universo existe muita coisa que precisa ser vista com olhar crítico, não propriamente os meios, que são possibilidades, mas o uso que deles se faz. De modo especial na internet, há muito veneno, que deve deixar alertas pais e educadores; crianças e adolescentes ficam expostos a numerosos riscos, se não houver atenta vigilância e orientação.
Mas também os adultos deverão fazer um uso responsável desses meios maravilhosos, evitando que se tornem um atrapalho nas relações interpessoais e no convívio social. Contatos e comunidades cibernéticas não podem tomar o lugar das relações humanas e comunitárias reais e diretas com as pessoas próximas, nem substituí-las. Seria uma pena passar horas trocando mensagens com pessoas distantes e não brindar com uma palavra sequer as pessoas do convívio próximo. Pior ainda, se os meios fossem usados para promover desonestidades, ódio, violência e toda sorte de caminhos de corrupção e imoralidade.
No entanto, para a Igreja, a comunicação não é só questão de ter e usar meios e tecnologias de comunicação: mais importante ainda é o conteúdo e a qualidade da nossa comunicação. Temos para comunicar a Boa Nova de Cristo e do Reino de Deus ao mundo e precisamos fazer isso muito bem. O uso dos meios de comunicação para a evangelização não pode ser reduzido a uma informação neutra, mas precisa ser acompanhado pelo testemunho contagiante: “vós sereis minhas testemunhas” (cf Lc 24,48), recomendou Jesus aos apóstolos, depois de os enviar para anunciar o Evangelho a todos os povos (cf Mt 28,19).
O papa Bento 16 tem recomendado com frequência a evangelização através da internet. Não é apenas mais um poderoso “meio” de comunicação, que pode facilitar e ampliar muito a nossa capacidade de evangelização; de fato, trata-se de um novo “ambiente” a ser evangelizado. Mais que “usar” a internet, precisamos estar “na” internet. De fato, a “rede” é como uma imensa e sofisticada praça, muito frequentada por gente que interage com toda sorte de mensagens; todos os “discursos” imagináveis podem ser encontrados nesta praça e há plateia para cada um deles. Alguns podem ser muito belos e construtivos, contribuindo para a dignificação do homem e a edificação do bem comum; outros, nem tanto; e, infelizmente, esta praça também é frequentada por companhias nada recomendáveis e até nocivas...
A Igreja não pode estar ausente no mundo da internet, com seu anúncio e testemunho. E isso precisa ser feito de muitas maneiras, para alcançar o maior número de interessados.

Publicado em O SÃO PAULO, edição de 19/07/2011
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

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