Este pequeno trecho de um canto popular, que muitas comunidades cantam no dia de Corpus Christi, expressa bem o valor e o sentido da festa a qual celebramos. A festa do Corpo e Sangue de Cristo teve inicio em meados do Séc.XII, onde a Igreja sentiu a necessidade de uma solenidade que destacasse a real presença do “Cristo Todo” no pão consagrado. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV, com a bula papal “TRANSITURUS” em 11 de Agosto de 1264, para ser celebrada na primeira quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade.É muitas vezes difícil de compreender para um individuo não católico, a verdadeira presença de Cristo na matéria do Pão e do Vinho, é uma realidade que ultrapassa toda a compreensão limitada do homem, por isso, o sacerdote, com sua autoridade e missão instituída pelo próprio Cristo, pronuncia após a narração da ultima ceia, o que realmente a Eucaristia significa EIS O MISTÉRIO DA FÉ, de fato, a Eucaristia “é o resumo e súmula da nossa fé”[2]. A Igreja tem sua origem no sacrifício gratuito de Cristo na cruz, torna-se a “Nova Eva”, redimida de todo o pecado, lavada e purificada pelo Sangue e Água (Jo 19,37) que jorra da cruz. A Eucaristia é o fundamento de Ser e de Agir da Igreja, na antiguidade cristã se referia com as mesmas palavras Corpus Christi, o corpo nascido da Virgem Maria, o corpo eucarístico e o corpo eclesial de Cristo, não há Igreja sem Eucaristia, e a Eucaristia é o próprio Cristo que se dá por amor a nós e a sua Igreja (Católica), configurando-nos como um só corpo, sinal de unidade, onde Cristo é a cabeça. Lembrando assim, as palavras da Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula a prece pela unidade da Igreja: “[...] participando no Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito Santo, num só Corpo”. Desta maneira, não se pode crer que Cristo esteja na cabeça sem estar também no corpo, pois ele está todo inteiro na cabeça e no corpo ( Christus Totus In Capite et in Corpore ).A Eucaristia nos configura ao Corpo místico de Cristo, tornando-nos um só, não é o alimento eucarístico que se transforma em nós, mas somos nós que acabamos misteriosamente mudados por ele. “O grande doutor e teólogo da Igreja Santo Agostinho em sua obra intitulada “Confissões”, já tinha compreendido tal realidade:” Sou o pão dos fortes; cresce e comer-me-ás. Não me transformarás em ti como alimento da tua carne, mas mudar-te-ás em mim”[3] e continua em outra obra sua “DE CIVITATE DEI” – Cidade de Deus – “esse é o sacrifício dos cristãos, ou seja, serem muitos e um só corpo em Cristo. A Igreja celebra esse mistério através do sacramento do altar, que os fiéis bem conhecem e no qual se lhes mostra claramente que, naquilo que se oferece, ela mesmo é oferecida.”[4]. A Eucaristia é sinal do Amor de Deus por nós, que se manifesta na comunidade, no amor ao próximo, na prática do Bem de forma concreta e verdadeira, lembrando assim, o Papa Bento XVI, “Onde se destrói a comunhão com Deus, que é comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, destrói-se também a raiz e a fonte da Comunhão entre nós. E onde a comunhão entre nós não for vivida, também a comunhão com o Deus-Trindade não é vivida nem verdadeira.”[5], a Eucaristia implica sempre esse compromisso com o “outro” uma conotação vertical e uma horizontal: Comunhão com Deus e comunhão com os irmãos e irmãs, lembrando o símbolo da cruz, com suas hastes, uma na vertical e outra na horizontal.Celebrar o Corpus Christi é fazer memória do amor de Cristo por nós, a sua entrega-doação pela remissão dos pecados do mundo, como também, dar continuidade a sua missão e ao seu mandato: “Façam isto em Memória de Mim” (Lc 22,19). A Eucaristia nos faz descobrir que Cristo morto e ressuscitado, se manifesta como nosso contemporâneo no mistério da Igreja seu corpo, que a Festa do Corpo e Sangue de Cristo, seja sempre a manifestação deste mistério acreditado, celebrado e vivido, realizando desta maneira as palavras de Cristo: “Eu estou sempre convosco, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
[1] Seminarista de Diocese de Santa Luzia – Mossoró/RN, aluno do 3°ano de Filosofia da FAFIC, Cajazeiras/PB.
[2] Catecismo da Igreja Católica, 1327
[3] CONFISSÕES, Livro 7, Cap. 10.
[4] De Civitate Dei 10, 6: Pl 41, 284.
[5] BENTO XVI, Audiência Geral de 29 de Março de 2006. L´Osservatore Romano.
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