SEJAM MUITO BEM VINDOS E BEM VINDAS!

DO BLOG DIOCESANO





Um sábio chinês afirmou que, se lhe fosse dado o poder de governar o mundo apenas por um minuto, ele iria fazer uma coisa só: “restabelecer o verdadeiro sentido da palavra amor”. Sim, a compreensão do amor está muito deturpada. Confundimos amor com prazer, desejo, interesse, atração, paixão. A verdade é que o amor é como o arco-íris, tem tonalidades diferentes. Semelhante a uma escada, o amor tem degraus e graus. O amor de concupiscência, que e ainda egocêntrico, difere do amor de benevolência que quer o bem do outro. O amor filantrópico tem razões diferentes do amor teocêntrico. O primeiro é humanitário, o segundo fundamenta-se em Deus.Pode acontecer que em determinadas áreas de nossa personalidade, atingimos um grau elevado de maturidade no amor e noutras somos ainda imaturos. Vivemos experiências onde nos sentimos como anjos e noutras ainda como animais. Às vezes somos parecidos com as crianças e outras vezes, percebemos que somos capazes da gratuidade e doação generosa. São os paradoxos e as ambigüidades que permeiam a arte de amar. O amor de amizade, é um grau elevado de amor, embora o amor-ágape, é o amor em sua máxima expressão, porque é doação de si, sem esperar recompensas, sem interesses, visto que é dar a vida pelo outro. É o amor que se desvela em benevolência, cuidado do outro, altruísmo, disponibilidade, paciência, perdão.Na verdade o amor é uma composição de vários elementos como: auto-estima, amizade, intimidade, enamoramento, fidelidade, dom de si. Desde a filosofia grega, o amor foi refletido em graus e tonalidades diferentes. O “amor-concupiscência” (porneia) é a experiência do amor carnal, interesseiro, voraz, até instintivo, como por exemplo, a criança que mama. O “amor-dependência” (phaté), comporta ciúmes, submissão, controle do outro.Temos em seguida o “amor-eros” que se caracteriza pela atração, libido, impulso, desejo, calor humano. O “amor-jogo”(ludus) é o vale tudo, a orgia, a falta de pudor, a liberdade sem limites. O “amor-posse” (mania) é a dominação, o apego, a manipulação e a obsessão pela pessoa amada. O “amor-espelho” (pragma), representa as pessoas que procuram alguém que faz o seu tipo, o seu estatus, alguém igual a si mesmo, seu espelho. O “amor-ternura” (storge) é o carinho, respeito, valorização, acolhimento, admiração do outro. O “amor de amizade” (filia) é o altruísmo, partilha, dedicação, benevolência. O “amor-compaixão” (káris) é a sensibilidade pelo outro, a misericórdia, a reconciliação, o bem-querer, a bondade, a salvação do mundo. Na escala grega, por fim, vem o “amor-ágape”, que é a maturidade no amor, desejar o que outro deseja, estar a serviço do outro sem esperar vantagens, capacidade de morrer pelo amado.A moral católica ensina também uma “ordem do amor”. Assim, o amor conjugaç tem primazia em relação ao amor pelos filhos. Já o amor pelos filhos tem prioridade ao amor pelos pais. Eis então a hierarquia do amor: amor conjugal, amor pelos filhos, amor pelos pais, amor pelos irmãos, amor pelos parentes, amor pelos amigos. O que importa mesmo é que o amor não tem limites. Jesus ensinou e praticou o amor aos inimigos, aos pecadores, aos pobres. Em Jesus, amor e verdade, se abraçam, amor e justiça são inseparáveis. A medida do amor é amar sem medidas.O amor é palpável e inefável, ternura e fidelidade, misericórdia e verdade. Tem força centrífuga, tende para a união. Onde está o amor ali está Deus. O amor é lugar da epifania de Deus. A vida humana é na verdade uma história do amor de Deus, mesmo quando sofremos, superando a dor. É preciso aprender a amar. Na escola do amor ninguém se aposenta, somos aprendizes e discípulos na arte de amar, até o fim.O amor é nossa identidade, nosso nome, nossa vocação. É um desejo e compromisso de aliança, é encontro de duas liberdades. O amor é o melhor que nos pode acontecer. O amor basta. Quando se ama não se coloca em questão o sentido da vida. Um gesto de amor vale mais que toda a massa de matéria do universo, dizia Pascal. O Criador é o Ser que nos faz ser. É próprio do amor sair de si mesmo. Somos o centro do amor de Deus. Ele nos desejou desde sempre, nos criou e recria a cada instante. Seu amor nos conduz providencialmente. Aceitar ser amados, crer no amor, deixar-se amar, sentir-se amável, eis nossa resposta ao amor de Deus.


Dom Orlando Brandes

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