A ação, o agito é a marca número um de quem tem o tempo como dinheiro. Tão pobre porque só tem dinheiro. A outra opção nesta dupla via da vida é a capacidade de contemplar. Mesmo mergulhado nos afazeres do ativismo de cada dia, ainda saber ouvir, aquietar o coração, buscar o silêncio do quarto ou do templo para orar, para respirar com plenos pulmões a verdadeira vida.
Esse dilema moderno já foi vivido por duas mulheres no tempo de Jesus. Foi lá em Betânia, na Palestina, em casa de Marta e Maria, que o dilema da ação e da contemplação, da ação e da oração se encontraram, revelando duas dimensões essenciais da vida humana.
Diante da justa preocupação com visita tão nobre em casa, Marta, mulher dedicada, serviçal, preocupada em oferecer o melhor para o Mestre que naquele dia escolheu a sua casa, corre e se agita com os afazeres, perde a paciência e reclama: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” (Lc 10,40). Expressão típica do ativista, daquele ou daquela que não sabe ver outra coisa a não ser o serviço, por mais importante que seja.
Ao lado, se vê Maria sentada aos pés do Mestre, ouvindo. Atitude típica de quem sabe parar, silenciar a mente e o coração para carregar as baterias a fim de não faltar energia para uma atividade fecunda e gratificante. Essa energia não se encontra em lugar nenhum a não ser na constante união com o Criador na oração. Saber orar é estender a mão a Deus e amar, é abrir os braços solidários a todas as pessoas.
Jesus responde à agitada mulher dona da casa: “Marta, Marta você se preocupa com muita coisa; uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que nunca lhe será tirada” (Lc 10,41). Marta, agitada com as coisas, parecia ver Maria perder tempo. Para o ativismo dos dias atuais não é diferente. Não se tem tempo para estender as mãos a Deus, não se tem tempo para amar, para estender os braços às pessoas que conosco fazem o mesmo caminho.
Embriagados pela ideologia do capital, muitos se esquecem que “uma só coisa é necessária e essa não será tirada”. O nosso caixão não tem gavetas, na casa do Pai só há lugar para quem sabe orar e amar. São João Maria Vianey dizia: “Essa é a mais bela profissão do homem: rezar e amar”. Como seriam diferentes as relações nas famílias, nas empresas, nos hospitais, nos consultórios médicos, nas escolas, nas universidades, nas Igrejas, na convivência diária, se as pessoas soubessem o valor da oração e da contemplação.
O sentido profundo dos nossos afazeres, trabalhos e luta pelo pão de cada dia, que não pode ser menosprezado, está no equilíbrio entre a agitação e a constante união com Deus. Esse é o tempo que vale a eternidade!
0 comentários:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.